segunda-feira, 28 de maio de 2012

Um Ano e um Dia: o Início da Jornada


ATUALIZAÇÃO: não sei se todos já sabem, mas o livro que deveria se chamar "Um Ano e um Dia" mudou de título e foi publicado em março de 2014 como "A Ilha dos Ossos". Informações aqui.


Queridas Pessoas,

Como eu venho anunciando há algum tempo, O Castelo das Águias chegou ao seu primeiro aniversário. O tempo pareceu voar, mas, olhando para trás, dá pra ver quanta coisa aconteceu e quanto retorno eu recebi de leitores de todas as idades e bagagens.

Como era de se esperar, houve críticas. Algumas apontaram falhas que eu reconheço e que me esforçarei para não repetir; outras, depois de refletir a respeito, me parecem ter tido por base as expectativas e o gosto pessoal de quem leu. Como disse Neil Gaiman, às vezes você mostra histórias para as pessoas erradas, e ninguém gosta de tudo.* No entanto, fico feliz e orgulhosa por poder dizer que a maioria dos leitores aprovou, principalmente os jovens que gostam de romance e fantasia e que constituem o público-alvo deste trabalho.

Na página Livro 1 deste blog eu listo as resenhas publicadas até agora. Agradeço por elas a seus autores, bem como aos demais leitores e amigos pelos elogios, críticas e sugestões que serão muito úteis nessa nova etapa da minha jornada.

Vocês sabem que O Castelo é o primeiro livro de uma série, não sabem? Além dos contos do blog ou publicados à parte, como A Encruzilhada, haverá pelo menos duas continuações em forma de romance. Ambas já têm versões preliminares, mas, tal como aconteceu com o primeiro livro, irei reescrevê-las para tornar a narrativa mais ágil e a própria história mais interessante. Na verdade, já estou começando a mexer no segundo volume da série, cujo título provavelmente definitivo será Um Ano e um Dia.

Dito assim parece fácil, mas não é. Escrever é uma aventura; reescrever pode até ser prazeroso, mas gera um bocado de ansiedade, até porque desta vez eu sei que há leitores à espera desse novo trabalho. Por eles, e também por mim, preciso me esforçar para corrigir os problemas da primeira versão, achar a voz do narrador, desenvolver melhor os personagens e seus conflitos. É um trabalho duro, que ocupará boa parte do meu tempo livre nos próximos meses, mas valerá a pena: ao ser publicado, o que a Editora Draco e eu prevemos para meados de 2013, Um Ano e um Dia não irá decepcionar os leitores da série. E, se tudo der certo, conquistará muitos outros.

Continuem comigo! A saga mal começou.

* Introdução a “Coisas Frágeis 2”, edição brasileira pela Conrad.

domingo, 13 de maio de 2012

Em Nome de Thonarr (Epílogo)

- Thonarr! - Sua voz, que não parecia lhe pertencer, os ecos em meio ao trovão. – Este é o templo dos Heróis, e também o seu! Ajude-me, Senhor do Raio! Thonarr!

Gritou mais uma vez e cerrou os maxilares, a avalanche de energia o sacudindo e retesando cada um de seus músculos. Sugado por um vórtex, possuído, trespassado. As palavras eram pequenas para descrever o que sentia. Os raios se sucediam, alguns vindo do céu, outros do martelo que parecia colado às suas mãos. Ele lutou contra o tremor que lhe subia pelas pernas e gemeu, sabendo o que aconteceria se desfalecesse.

Dê-me forças, Thonarr, É só o que peço. Dê-me forças, mantenha-me em pé, ampare este templo que é seu...
Ampare-me...


E de repente a corrente que o arrastava cedeu, e havia duas pessoas junto ao andaime. Uma era um homem alto, com as feições escondidas por um chapéu escorrendo chuva; a outra também parecia masculina, porém menor e mais esguia, e um vislumbre de seu rosto pontudo fez Padraig engolir em seco.

- Loki – murmurou, o fôlego alterado ao pronunciar o nome daquele que os devotos chamavam de Esquerdo. – E... Woden, o Senhor do Vento – concluiu, vendo o bastão que o homem mais alto segurava na mão direita. Como o martelo, ele brilhava envolto em fios de pura energia, porém esta era de um azul sem traços de rubi. Loki também tinha um bastão, do qual a energia se evolava sob a forma de uma névoa alaranjada. Num só movimento, os dois apontaram seus bastões para o piso rachado, protegendo, escorando, sustentando o peso que, por longos e cruciais momentos, repousara apenas sobre Padraig. Ele os fitou incrédulo, depois ao martelo, sem compreender como viera a fazer parte da tríade de Heróis – e foi quando duas mãos pousaram em seus ombros, ao mesmo tempo em que se ouvia uma voz grossa esbravejar.

- O que está fazendo, garoto? Preciso desse martelo!

- Eu... Senhor do Raio... – Padraig começou a balbuciar, mas foi interrompido pelo Preste Drusius.

- Deixe o menino, Adso, ele acabou de fazer um esforço enorme. – Virou-o para si, encarando-o com olhos bondosos e marejados de lágrimas. – E eu não sei bem como... mas nos livrou do desastre.

Padraig abaixou a cabeça, incapaz de responder o que quer que fosse. Adso se aproximou, ainda resmungando, e pegou o martelo como se fosse uma pluma. Outros homens emergiram do corredor, entre eles alguns artesãos, que não levaram mais do que uns instantes para erguer as vigas e escorar o piso. Estranhamente, passavam sem hesitar entre os raios azuis e alaranjados, levando Padraig a se indagar se eram capazes de ver os Heróis.

E quanto a eles próprios, Woden e Loki – será que se mostravam a outros olhos além dos seus?

- Pronto! Por agora está seguro – disse Adso, em cujas mãos o martelo perdera o brilho. – Muito obrigado pela ajuda, mestre.

- Não há de quê – uma voz grave respondeu de sob o chapéu de Woden. Mortificado, Padraig viu a Liz se extinguir nos bastões, e então os Heróis avançaram, tornando-se visíveis à luz da lanterna.

- Gwyll...! – murmurou ele, reconhecendo o meio-elfo de cabelo eriçado. – Então vocês não eram...?

- Woden e Loki? Não. Éramos só nós – disse Kieran de Scyllix, tirando o chapéu e fitando-o com dois olhos brilhantes. – Mas isso não se aplica a Thonarr. Ele, sim, esteve aqui. E agiu através de você para manter este lugar inteiro.

- De mim? – Padraig contemplou as mãos, trêmulas e vazias. – Da minha fé?

- Sim, filho, mas fé nós também temos – disse o Preste, com suavidade. – Você tem algo além disso: uma vontade tão forte que torna real o que é invisível.

- Ou seja: Magia – concluiu o garoto, olhando para Kieran. Este assentiu, sorrindo, e estendeu a mão, mas Padraig se esquivou, seus olhos se voltando para Gwyll com uma espécie de desafio.

- Magia. Sim. Mas Thonarr esteve aqui – disse. – Thonarr, o verdadeiro, o que existe. Não um maldito símbolo.

- É claro – concordou o meio-elfo. – Isso porque você é um devoto. Mas...

- Silêncio, garoto – rosnou Kieran. Seus olhos se encontraram com os do Preste, num entendimento sem palavras, e Padraig pôde ouvir um suspiro escapar de entre os lábios de Drusius.

- Que seja, então. Confio-lhe o menino – disse, mas o sorriso de Kieran o fez acrescentar, em outro tom:

- E pode deixar que me encarrego de falar com a mãe dele.



Poucos dias depois, usando uma tiara de bronze e uma túnica que lhe chegava aos pés descalços, Padraig recebia as boas-vindas no Castelo das Águias. Fora da época, pois o ingresso ao Primeiro Círculo se dava habitualmente no Solstício de Inverno, mas os mestres haviam decidido não esperar, tão diferente era ele de todos os aprendizes. Naturalmente, iria estudar Matemática e Música, as sagas e os segredos da natureza, além das artes e ofícios da Ala Violeta; as tabelas, símbolos e regras da Magia estavam a cargo de uma elfa, Thalia de Erchedel, que levaria pelo menos dois anos para promovê-lo ao próximo Círculo. Desde agora, porém, fora assegurado a Padraig um contato estreito com o Mentor, o único a poder orientá-lo no estudo e na prática da Magia da Alma. Isso o deixou orgulhoso, mas também com um pouco de medo, pois ficaria em posição de destaque aos olhos de toda a Escola. Como recém-chegado, não queria atrair atenções, muito menos a má-vontade dos colegas. Mas Mestre Kieran o sacudira pelo ombro e rosnara que aceitasse a carga que acompanhava seu Dom.

Seu nome acabava de ser pronunciado, o olhar dos mestres convocando-o à sua presença. Ele se adiantou, consciente de que esses eram os primeiros passos numa longa jornada, e estendeu as mãos, sobre as quais o Mentor depositou uma pena e um livro. As páginas eram brancas, assim como a sua túnica: um símbolo da pureza e inocência dos aprendizes. Só mais tarde encontraria as cores que representavam seu poder.

Os dedos de Camdell tocaram o ponto entre suas sobrancelhas. Uma pedra brilhava no anel em seu indicador, um rubi com toques de fogo, pois a cor da Magia da Alma era também a dos devotos. Sim, sua fé estava em boas mãos. Ele ergueu a cabeça, olhando para os olhos do mago, e sentiu que um pacto fora selado, embora nem uma palavra lhes houvesse saído dos lábios.
Para ele, assim como para seu novo mestre, bastava o que tinha sido dito pela voz de Thonarr.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Em Nome de Thonarr (Parte 8)

O mundo estava vindo abaixo.

Sua mãe tinha tentado sondar o que se passara no Castelo, mas Padraig a despistara com comentários vagos sobre a paisagem e as torres. Com o Preste, mais cedo, houvera um silêncio constrangido, depois uma forçada disgressão por assuntos que não incluíam a Magia ou Mestre Camdell. Ele dissera a si mesmo que o conselho não significava nada, que o Mentor quisera apenas usar uma frase de efeito, mas no fundo aquilo o incomodava, como uma luz piscando sobre seu rosto quando tentava dormir. Talvez fosse exatamente isso: a mente, o espírito, as convicções até agora tão arraigadas postas em jogo e a decisão em suas mãos. Seguir obedecer, teria sido mais fácil. Mas não podia ignorar as perguntas que surgiam a cada momento.

Sem saber o que fazer, ele dirigira suas preces a Thonarr, pedindo que o orientasse naquele momento de confusão. O Herói não o atendera – orar não lhe sugerira uma resposta, nem lhe trouxera conforto – mas uma chuva forte começou a cair logo depois, e com ela os trovões que eram o atributo de Thonarr. De alguma forma ele se manifestava. E talvez quisesse dizer alguma coisa, mas Padraig não teve tempo de refletir, pois sua mãe o chamou com urgência para vedar as janelas da estalagem. No teto, goteiras deixavam passar grossos fios d´água, e o chão fora enlameado pelos sapatos das várias pessoas que se abrigavam ali. A maioria pediu algo para comer, por isso o assado acabou rápido, obrigando-os a improvisar. Não havia mãos a medir entre os que cozinhavam e os que serviam.

Padraig estava na cozinha, picando frutas para mais uma rodada de ponche, quando escutou o alarido vindo do salão. As vozes eram muitas, mas, antes mesmo de acorrer, ele reconheceu a do Irmão Liam, um jovem iniciado do Templo que escapulia com frequência para um trago n´ ”A Espada e o Lírio”.

- Toda a ajuda possível, sim, é o que estão pedindo; mas nada de mulheres e crianças, e tem de ser rápido – dizia, os olhos arregalados como pratos. – Temos que tirar o que pudermos antes que desabe.

- O que vai desabar? – Padraig ergueu a voz acima da balbúrdia.

- O andar superior de uma das alas do templo – disse Liam, como ele esperava e temia. – Já estava com problemas, e o peso da água...

Encolheu os ombros, como se desse a explicação por encerrada. De fato, não fora preciso mais do que isso para que alguns homens se dirigissem à porta. Os mais resolutos correram para o templo, outros ficaram ali olhando a chuva como se refletissem. Padraig se demorou por um instante junto deles, mas sua hesitação foi cortada pelo raio que riscou o céu, bem diante de seus olhos, no momento em que os voltava para o templo. O ribombar de um trovão lhe encheu os ouvidos, e de repente não havia mais o que ponderar.

- Filho! – A voz de Moira às suas costas, quando já se afastava. – Paddy, não vá! Eles não querem crianças no templo!

- Não sou criança – gritou ele dentro da chuva. Caía pesada como uma cortina, quase o impedindo de ver o templo embora estivesse tão próximo. Ele se orientou guiado pelo hábito, esbarrando nos homens apressados que acorriam de todas as direções.

- Por aqui, venham! – Diante do templo, o porteiro gesticulava com uma lanterna. – O Preste Goliath está ali em frente, Ele dirá a todos o que devem levar, e para onde.

- E os artesãos? – indagou Padraig, lembrando-se do encontro na Ala Violeta. –Eles não estão tentando arrumar o piso?

- É tarde demais pra isso – respondeu o porteiro. Seus olhos fundos encararam o garoto de um jeito que lhe causou arrepios. Alheios à conversa, os outros homens passaram por eles e se juntaram à brigada comandada pelo Preste Goliath, que transportava móveis e arcas de um lado para o outro. Era o que também devia fazer, contudo seus pés relutavam em levá-lo pelo mesmo caminho, e ele não saberia dizer o que o fez dar meia-volta e seguir pelo corredor oposto.

A passagem estava às escuras, o chão alagado; o som da chuva se projetava no túnel formado pelas paredes, trazendo-lhe uma forte sensação de clausura. Foi um alívio chegar ao fim. Ele sorveu o ar saturado de chuva, depois ergueu os olhos, sabendo de antemão o que iria ver.

A chuva. O patamar. Vultos borrados, no extremo do corredor, apressando-se a descer as escadas. E, em meio a isso tudo, o andaime abandonado pelos artesãos, ainda tendo em volta algumas vigas com as quais, talvez, pensavam escorar o piso a fim de consertá-lo. Mas até eles, pelo jeito, achavam que era tarde demais.

- Padraig!

Uma voz grave soou no corredor que acabava de abandonar. Alarmado, o menino se voltou, mas não viu nada além de escuridão, logo quebrada pelo súbito clarão de um raio. Ele tornou a dar as costas para o túnel, esquadrinhando o espaço à sua volta – e então, por um instante mais curto que um bater de pálpebras, enxergou um vulto maciço no alto do andaime.

A reação foi imediata: um grito de susto, não isento de medo, tão inesperada foi a visão. Fugaz, também: apenas um momento se passara e a figura não estava mais lá. Restava apenas o andaime, lavado pela chuva e estremecendo ao sopro do vento, os repetidos clarões dos relâmpagos iluminando-o por partes. O topo, o meio, de novo o topo, as vigas, o martelo...

Martelo?

Padraig protegeu os olhos com a mão e deu alguns passos sob a chuva. Sua impressão estava correta: um grande martelo de ferro fora deixado numa das tábuas do andaime. Talvez, afinal, os artesãos tivessem vindo, pensou. Talvez pretendessem voltar e foram desencorajados, pelas pessoas ou pela chuva.

E se não fosse assim – teria dado tempo?

No instante seguinte ele estava junto ao andaime, agarrado àquele fio de esperança e ao martelo que empunhara sem saber o porquê. Seu coração batia descompassado, mas as mãos estavam firmes, e assim permaneceram enquanto os raios caíam cada vez mais perto. Os trovões se sucediam, enchendo seus ouvidos num vozerio contínuo, até o ponto em que nada lhe restou senão responder.

- THONARR!

Sua voz cresceu no espaço em meio à tempestade. Uma espiral vibrante de calor o percorreu dos pés à cabeça, um forte pulsar entre os olhos – e de repente foi como se um raio dardejasse do centro de seu corpo às mãos erguidas. O martelo brilhou, envolto em tonalidades elétricas, projetando uma luz rubi-azulada que se estendia como uma trilha até o alto do andaime. Á sua luz, Padraig viu claramente a fissura no piso, sentiu em todo o corpo o tremor da estrutura precária, e então não conseguiu conter um novo grito.

Acabava de compreender o que tinha nas mãos.

Epílogo

terça-feira, 8 de maio de 2012

O Castelo das Águias chega à Apple!


Pessoal,

Em meio à escrita do último capítulo do conto do Padraig (sim, ele vai ser concluído!) e aos preparativos para a retomada do segundo livro da saga, não posso deixar de repassar a novidade trazida pela Editora Draco.

A partir de agora, "O Castelo das Águias" está disponível através da Apple, podendo ser baixado em iPhone, iPad ou iPod touch por apenas $ 4,99. O mesmo acontece com outros livros da editora, tornando cada vez mais fácil ler a LitFan nacional por um custo acessível e sem abarrotar ainda mais as nossas já superlotadas estantes.

O que vocês estão esperando?

Até breve, com novidades!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Promoção de Aniversário: Resultado da Promo "Caça ao Tesouro"


Olá, Pessoas!

Pois é, vários procuraram, mas só um encontrou o tesouro...

Dentre os e-mails enviados para a promoção, só um tinha as respostas corretas para as três perguntas. Curiosamente, foi o primeiro a chegar, e veio de uma pessoa que gostei muito de conhecer: a também escritora Astreya Bhael!

Aqui estão as perguntas e suas respostas:

1. Quais são as Três Casas da Tribo da Floresta dos Teixos?

R. Lobo, Corvo e Lontra.

2. Em qual das alas do Castelo das Águias fica o laboratório de Alquimia?

R. Ala Verde.

3. Quem foi substituído por Rydel como Mestre de Ciências da Terra?

R. Theoddor.

Por ter acertado tudo, a Astreya ganhou um exemplar autografado de O Castelo das Águias, mais uma camiseta e um marcador, que serão enviados assim que ela me mandar seu endereço com CEP. Parabéns, Astreya! Espero que goste dos prêmios!

E pra vocês que não ganharam, continuem ligados nas promoções. A das fanfics continua valendo, e em breve haverá outras, sempre anunciadas no Twitter e aqui no blog.

Até breve e obrigada por participar!